terça-feira, 19 de julho de 2011

Capítulo 4 - Reflexões

O Grupo então decide dormir nos últimos quartos do segundo andar da casa. Deixariam as garotas em um quarto e o grupo dormiria no outro quarto.

Cmd. Fred – Sabem, nunca pensei que isso poderia ocorrer, estava tudo indo tão bem na minha vida.  Andrew morreu hoje, poderia ter sido eu, ou vocês. Sabem, sempre tive aquele sonho de morrer ao lado da minha mulher, velho na cama.

Cmd. Robert – Esqueça isso, se você se torturar vai perder a cabeça. Lembre de tudo positivo e que tudo dará certo, aprenda um pouco mais de filosofia oriental, quem sabe não te ajuda.

Sgt. Charles – Quem irá ficar de vigia hoje?

Major Arthur – Todos nós, começando por você, depois de uma hora e meia você acorda o John, depois de uma hora e meia ele acorda o Fred, depois o Robert, depois Eu, e depois Phill, se isso a manhã não estiver chegado mais cedo. São quase 9:30, o tempo passou rápido,  vai dar uma boa noite de sono para todos.

Foi quando todos se deitaram que perceberam que não havia como manter a cabeça no lugar, ainda que houvesse algo para discutir, algo para se pensar que distanciassem as mentes da realidade, que se mostrava horrorosa fora daquela casa, tudo ficaria na cabeça, e certamente ninguém teria uma boa noite de sono, e o melhor descanso seria quando pegarem a guarda e poderem assegurar-se de que vão estar vivos. A noite se torna sombria enquanto o fogo agora diminui-se de tamanho, gritos e explosões rumavam mais para o centro da cidade, mais para as outras áreas, impossível imaginar o que poderia acontecer a qualquer momento, certamente alguém viria a sucumbir diante da própria psique.

A noite avançava mais rápido do que o normal, alguns pegaram no sono logo, outros custaram a dormir, mas os vigias sempre eram trocados para permitir que sempre todos descansem. No outro quarto as garotas pareciam estar menos apavoradas, talvez por não saberem totalmente a gravidade e por se acharem seguras com os soldados, entretanto os soldados são os que sentem inseguros. Já se passava das 2 da manhã quando alguns focos de fogo foram se apagando, os gritos e explosões foram diminuindo gradativamente, não se sabia se estavam longes demais para se escutar, ou se não havia mais quem gritar ou o que explodir. Era provavelmente esse o pensamento de cada um quando tomavam a guarda. Sentar na janela do segundo andar e olhar para fora, levantar, andar pela casa escura, somente com uma lanterna para não chamar atenção, pegar um copo de água, tomar, visualizar o primeiro andar e voltar a se sentar.

Quando se dormia a noite passava rápido demais, mas quando se assumia o posto a noite se tornava quase que infinita, segundo por segundo até as 1:30h que cada um deveria cumprir.
Às 4h da manhã quase todos os focos de fogos estavam apagados e os gritos eram muito poucos e não eram constantes, porém algumas explosões ainda eram ouvidas, provavelmente de carros que já estavam pegando fogo, ou prédios, casas.

O ultimo vigia foi Phill, que ficou calado durante quase todo o tempo, sua aparência já era de medo, aflição, não estava muito bem da cabeça. Estava o tempo todo pálido e inseguro, despertava então certa desconfiança, que é necessária para manter todos a salvo. Ninguém poderia ter o direito de enlouquecer e deixar o grupo de forma com que afete o mesmo.

Logo o sol aparecia do outro lado da cidade, colocava o reflexo dos prédios contra a janela. Era hora de acordar a todos, quase que tudo em silêncio. A Maioria já se encaminhava a janela para visualizar o que havia acontecido, e se tudo aquilo não passava de um sonho, mas logo recebiam pela visão a má notícia.


Nada era um sonho, nada era um pesadelo, nada o que havia ocorrido era fruto de uma imaginação, e a cena que viam era o suficiente para provar a eles mesmo do que o que acontecia não poderia estar sob controle de ninguém. Não poderia ser controlado pelo grupo, nem pela polícia, e nem mesmo pelo governo.

Major Arthur – Meu Deus, até parece que bombardearam tudo! Isso não pode ter sido feito em um dia!

Cpt. John McMillan – Na verdade em uma noite, certo? Era pior do que pensávamos, e não poderemos ficar aqui por muito tempo, a comida está escassa e precisamos pedir ajuda de alguma forma.

Cmd Fred – Será que ainda tem gente viva?

Sgt. Charles – Bom, se estamos vivos outras pessoas podem ter se protegido, é certo que, se não foram torradas pelo fogo. Tivemos sorte, espero que outras pessoas também. Sem contar que se saírem serão mortas pelos cachorros raivosos.

Major Arthur- Acordem as garotas, vamos descer e planejar o que faremos, é preferível comermos algo antes de decidirmos planejar, é bom para a cabeça.

O grupo então fez um moderado café da manhã, pouco era falado na mesa, principalmente entre as garotas, a comida já estava acabando e logo deveriam sair da casa, mas teriam de avaliar tudo que pode ser levado em consideração. Não demora para que um barulho na rua ecoe pela sala.

Cmd Fred – Será alguém vivo?

Rapidamente Fred se deita próximo a janela, estica o pescoço até a quina da janela e levemente abre a cortina. Podia ver um jovem, de camisa branca e calça jeans todo ensanguentado, parado no meio da rua, não fazia nenhum movimento, não olhava para frente, nem para os lados, até parecia que não respirava, simplesmente estava morto, em pé.

Cmd Fred (sussurrando )– Acho que é alguém que sobreviveu.

Cpt. John McMillan – Não abra a porta, não podemos ter certeza, deixe ele quieto.

O grupo se reúne, juntamente com as garotas em uma mesa retangular feita de madeira, a mesma que usaram para o café da manhã, Susan buscou um catálogo que tinha um mapa da maioria das ruas, porém era pequeno demais. Decidiu-se então que poderiam copiar do mapa as ruas que necessitariam para chegar a casa de Phill, que insistia em ver a família, e até um dos prédios que aparentava estar intacto e com o para-raio piscando, provavelmente ainda teria energia. Antes disso era preciso passar em um mercado para pegar comida, e pelo menos em uma farmácia para pegar alguns remédios e antibióticos. Charles ainda tentava sintonizar a televisão, que da noite pro dia parou de dar sinal, o telefone fixo também havia perdido sinal, porém alguns celulares ainda funcionavam. Enquanto Charles tentava ligar para o Coronel do grupo que se manteve na base, o restante que estava na sala procurava as melhores saídas e entradas em todos os pontos que deveriam trafegar ou adentrar.

Logo todos os planos estavam quase em todas as cabeças de todos os membros. O primeiro objetivo seria pegar um pequeno beco que havia uma saída para a rua paralela, aonde na esquina se encontrava um mercado pequeno que parecia estar intacto porém com portas fechadas. Se for possível continuar a viagem, partir por uma das ruas estreitas da esquina, o porém é que a farmácia ficaria muito longe, com quase 4 quadras a frente. Depois o grupo teria de decidir se procuraria pela família de Phill ou se iria para o prédio.

Major Arthur – Bom, tudo foi repassado, eu gostaria de esperar até o amanhecer do próximo dia, mas não temos mantimentos para isso, vamos partir agora. Todos peguem suas armas, munições e mochilas, tudo que for descartável retirem e deixem espaços para a comida e remédios que iremos pegar, encontro vocês aqui na sala em 20 minutos para partirmos.

Boa parte do grupo subiu para o quarto aonde dormiram, pegaram suas mochilas, se organizaram entre frases críticas e xingamentos contra o presidente que havia fugido da cidade sem esclarecer nada ao grupo, somente teria jogado eles no caos. Não demorou para que todos estivessem na sala.

Major Arthur- Bom, está na hora, peço as garotas que fiquem no nosso campo de visão o tempo todo e não saiam de perto, andaremos sempre encostados nas paredes para evitar que sejamos vistos de certos ângulos, se possível se mantenham sobre as sombras para dificultar qualquer visão de alguma pessoa. Eu daria uma arma para vocês, mas infelizmente não posso assumir esta responsabilidade, por isso, estaremos fazendo a segurança de vocês. Abriremos o mercado com o pé de cabra da casa. Prontos?

Cmd Fred – Não senhor! Não estou pronto para isso, mas  se é necessário morrer pelo meu país eu deverei fazer!

Major Arthur – Quanto espírito patriótico você demonstra, moleque insolente. Você não está lutando pelo seu país, se era assim que desejava.

Cmd Fred – Sim, se não posso morrer velho com minha esposa velha , na minha cama, então morro pelo meu país, pode ficar melhor nos livros de história, isso se sobrar um escritor.

O grupo riu, levemente, porém riu. Mas logo o humor se dissipou, era esperada a ordem de abrir a porta, os risos desapareceram, deram lugar à seriedade e ao medo, provavelmente encontrariam o corpo, ou pelo menos parte do corpo de Andrew ali fora, assim como diversas outras pessoas que provavelmente estavam mortas, aquelas que estavam feridas, ou aquelas que estavam causando tudo isso. As ultimas checagens nas armas eram feitas, o ato de engatilhar a escopeta W1200 de Robert lembrou o grupo novamente do helicóptero, como se tudo fosse começar novamente...

Major Arthur – Pode abrir!

4 comentários: